Parece até ironia, ontem eu estava em uma festa, com meus melhores amigos, dançando, bebendo, paquerando, beijando. E hoje simplesmente depois de uma consulta, que seria só de rotina, descubro que estou... morrendo! É difícil pronunciar esta última palavra, mas no entanto, essa agora é minha mais nova realidade.
Aos vinte e dois anos, a vaidade é algo que uma mulher não consegue deixar de lado. Não consigo imaginar meus longos e cacheados cabelos caindo com a quimioterapia, e se não der certo? Morrer bonita seria minha vontade, mas eu ao menos tinha que tentar não morrer.
Eu estava tão concentrada em minha dor e em meu sofrimento, que me esqueci que os maiores sofredores disso tudo, serão meus pais. Como iria contar? Não posso, e seria desumano chegar: "Mãe, pai, estou com câncer!" Mas também não poderia esperar muito tempo para acalma-los, essa doença é rápida e cruel, mata a todo tempo milhares de pessoas. Mas e se comigo for diferente, eu conseguir melhorar com a quimioterapia? Pode acontecer, não pode?
Como contar, como? O bebê deles, tão branquinho, de uma hora para outra adquirindo olheiras tão fundas e em um segundo podendo não estar mais ali, para sempre. Encolhi-me com a ideia. Nascemos tendo somente uma certeza na vida, um dia iremos morrer. Mas descobrir quando, ou que está próximo, é algo que nunca imaginamos que vai acontecer conosco. A vida pode ser uma caixinha de surpresas, umas boas e outras nem tanto. Decidir viver a vida intensamente, pode até parecer uma loucura quando se tem tudo estável, mas fazer isso quando descobre-se que tudo pode estar acabado em pouco tempo, agora não me parece uma má ideia.
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